Kelly Cristina está internada há quase 30 dias e relatou que dores diminuíram, mas faz fisioterapia diariamente. Médica que fez operação foi proibida de atuar; caso é investigado pela Polícia Civil.
A vendedora Kelly Cristina Gomes da Costa, de 29 anos, está há quase 30 dias internada após fazer uma cirurgia plástica e ficar com parte da pela necrosada, em Goiânia. Segundo ela, já foram cinco cirurgias para melhorar a situação e mais uma está agendada para sexta-feira (4).
“Está melhorando, mas os médicos dizem que vai mais ou menos um ano de tratamentos ainda. […] Deus tem me dando força, mas ficar tanto tempo em hospital e sentindo dor é de enlouquecer”, descreveu.
A médica que a operou, Lorena Duarte Rosique, foi proibida de atuar na área temporariamente pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego). Segundo o órgão, ela segue “sob interdição cautelar total”.
Também de acordo com o comunicado, a médica orientou 20 sessões de câmara hiperbárica e outros tratamentos, que a paciente não fez como recomendado. Por fim, o texto diz que ela “se defenderá veementemente de pré-julgamentos, denúncias infundadas e de tentativas de macular sua honra” – leia íntegra ao fim da reportagem.
Procedimentos e recuperação
De acordo com Kelly, as cirurgias que fez desde que foi internada, no último dia 4 de fevereiro, foram para retirar a pele que necrosou. Ela contou que está com um curativo a vácuo na barriga e tem feito sessões de fisioterapia diariamente.
“Os médicos disseram que é para a pele não cicatrizar esticada e eu acabar ficando corcunda. Para eu não ter dificuldade para andar”, explicou.
A próxima operação, segundo a paciente, está marcada para sexta-feira (4) e deve ser para enxertar tecido nos locais das cicatrizes. Kelly disse que esta é a sua principal preocupação atualmente. “Agora é rezar para que o enxerto pegue, porque ainda pode ser que não pegue. Os médicos falam que é uma das etapas finais, mas ainda não sabem quando vou sair. Tudo depende do resultado dessa cirurgia”, afirmou.
Operação e consequências
Kelly fez a plástica na barriga e nos seios no último dia 19 de janeiro. O procedimento era um sonho dela, mas que acabou virando um pesadelo com vários dias de muita dor.
“Eu mandava áudio para ela chorando: ‘Doutora está queimando, estou com muita dor’. Ela aumentava os remédios, mas não adiantava”, disse.
A vendedora contou que nunca perdeu o contato com a médica, que ela sempre a atendeu e que chegou a acompanhá-la em um pronto socorro às pressas, quando sentiu falta de ar.
Kelly contou que no dia 4 de fevereiro, após sentir muita dor, foi ao Hugol, onde já ficou internada e passou por um procedimento cirúrgico de urgência. Segundo ela, os médicos ficaram assustados com a gravidade dos ferimentos.
Investigação policial
A mãe da Kelly denunciou a situação da filha à Polícia Civil. O registro foi feito como caso de lesão corporal culposa (sem que a médica tivesse intenção de causar mal à paciente). A vendedora e testemunhas foram ouvidas e relataram como foi a cirurgia e como foram os dias após o procedimento.
Até o último dia 21 de fevereiro, a polícia esperava a conclusão dos laudos da perícia para identificar melhor as causas das queimaduras e necrose na pele.
Até as 12h desta quarta-feira, o g1 não havia localizado o delegado responsável para saber como está o andamento da apuração.
Defesa da médica Lorena Rosique
Com relação à reportagem sobre Kelly Cristina Gomes Costa, a defesa da médica Lorena Duarte Rosique esclarece o que se segue:
Já foram enviados documentos para a redação do respeitável veículo de imprensa entre os quais o Termo de Consentimento assinado por Kelly em que foi informado “que a lipoaspiração pode, mesmo com todos os cuidados, levar a sofrimento de pele (necrose) com formação de feridas, sejam focais (menores) ou mais extensas (…) de solução demorada e com formação de cicatrizes (…) não está descartada a colaboração eventual de outros profissionais para o adequado tratamento”.
Ainda que a paciente “deverá fazer retornos (…) com zelo e atenção a todas orientações e cuidados do pós-operatório”.
No caso, a médica deu toda a assistência à paciente, e especificamente prescreveu medicações orais, tópicas e oxigenoterapia hiperbárica por 20 (vinte) dias seguidos, com toda orientação e auxílio para a realização do tratamento. Cumpre esclarecer que a oxigenoterapia hiperbárica consiste em terapia em que a paciente respira oxigênio puro com pressão maior, o que aumenta muito a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue, combatendo infecções, compensando deficiência de oxigênio em entupimentos ou destruição de vasos sanguíneos, ativando células e ajudando na cicatrização.
Contudo, apesar de receitado e insistido, conforme documentado pelo consultório da médica, a paciente Kelly fez apenas 5 (cinco) sessões espaçadas, não se sabe o motivo, se por não poder ou não querer.
Tudo será esclarecido a seu tempo perante a Justiça e a médica se compadece com o drama pelo qual passa a paciente, ao mesmo tempo em que se defenderá veementemente de pré-julgamentos, denúncias infundadas e de tentativas, seja de quem for, de macular sua honra, dispendiosa e longa formação médica, zelo e competência profissional.
Marina Toth
Octavio Orzari
Advogados
fonte ; g1 Goiás.