O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a meta para a taxa básica de juros, a Selic, nos mesmos 14,25% ao ano. É a quinta vez que os juros são mantidos no mesmo patamar, o mais alto em quase dez anos.
O Copom argumentou em comunicado divulgado após a reunião desta terça-feira (2) que, perante “incertezas domésticas e, principalmente, externas”, optou pela manutenção da Selic no mesmo percentual.
O intuito do BC é controlar o crédito e o consumo para conter a inflação. A inflação tem subido por fatores como a alta do dólar – que afeta qualquer produto e serviço que tenha algum componente no exterior ou vindo do exterior, como matéria-prima ou mão de obra – e pelo aumento de preços administrados, como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus.
A persistência da inflação, atualmente em 10,7% no acumulado de 12 meses, reforça a tese de que a política de juros perdeu força como instrumento para conter o avanço dos preços. A inflação se alimenta também do descontrole das contas públicas. Em janeiro, o setor público apresentou saldo negativo, antes do pagamento de juros (déficit primário), de 1,75% do PIB. O governo federal admite, atualmente, que pode terminar 2016 com 1% de déficit — estimativa considerada otimista pelo mercado. Para que a dívida pública se mantenha estável, o resultado teria de ser um superávit da ordem de 2,5%. Torna-se mais urgente a realização do ajuste fiscal, a fim de melhorar as contas no curto prazo, e a definição de uma reforma fiscal, para colocar as contas em rumo saudável no médio e longo prazo.
Seis integrantes do Copom votaram pela manutenção, e dois, pela alta dos juros para 14,75% ao ano. Tony Volpon, diretor de Assuntos Internacionais, e Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro, queriam a alta.