Goiás tem 6 casos de possível reinfecção por Covid-19

Cinco dos pacientes – todos profissionais de saúde – apresentaram sintomas da doença por duas vezes após mais de um mês da recuperação…

Está em investigação o caso de seis profissionais da saúde em Goiás que voltaram a testar positivo para Covid-19 após terem contraído uma primeira vez e, aparentemente, se recuperado da infecção pelo coronavírus (Sars-CoV-2). Cinco deles apresentaram sintomas nas duas vezes e quatro fizeram um teste que deu negativo para o vírus no intervalo entre a primeira e a segunda vez que ele foi detectado.

Existe a possibilidade de estas pessoas terem sido reinfectadas pelo vírus – o mesmo ou variações do Sars-CoV-2, mas não estão descartadas outras hipóteses, como a de os pacientes não terem desenvolvido anticorpos suficientes ou mesmo a de resquícios do vírus terem permanecido no organismo deles. E também é verificada a possibilidade de algum dos exames ter dado falso positivo, hipótese considerada menos provável.

São dois pacientes em Goiânia e quatro em Aparecida. Nos últimos dias, estão sendo noticiados pelo Brasil casos suspeitos de reinfecção, como o do funcionário do Samu em Araraquara (SP), João Duarte, de 65 anos, que morreu na noite de terça-feira (11) após ter apresentado pela segunda vez os sintomas da doença. Ele tinha dois exames positivos para Covid-19 em um intervalo de tempo de 3 meses, segundo reportagem publicada no Portal G1.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) apresentou o caso de possível reinfecção por coronavírus uma técnica de enfermagem de 24 anos em Ribeirão Preto. Há também relatos no Espírito Santo.

O assunto foi abordado a pedido da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida em reunião do Centro de Operações Emergenciais para Enfrentamento do Coronavírus (COE) estadual nesta quarta-feira (12), que ficou de avaliar uma nota técnica para orientar os profissionais de saúde nestas situações. Os casos começaram a ser debatidos na semana passada, tanto na capital como na cidade vizinha.

Um dos casos é o de uma mulher que testou positivo para Covid-19 no fim de maio, foi considerada recuperada conforme o protocolo, testou negativo em meados de junho e 40 dias após o primeiro exame positivo voltou a apresentar sintomas de infecção e fez um terceiro teste que confirmou a presença do vírus. Todos estes testes foram feitos em Aparecida, pelo laboratório contratado pela prefeitura local para exames. Duas semanas depois, fez um quarto teste, que deu novamente positivo, desta vez a partir de amostra analisada pelo Laboratório de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO).

A coordenadora de Gestão e Inovação em Saúde da SMS de Aparecida, Érika Lopes, diz que uma das amostras coletadas dos pacientes foi encaminhada para análise na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta semana e que nenhuma hipótese está descartada. “Pode ser tudo.”

Érika explica que todos os casos são enquadrados como suspeitos de reinfecção pelo fato de as pessoas terem apresentado sintomas e/ou testado positivo para Covid-19 uma primeira vez, depois terem sido dadas como recuperadas, de acordo com o protocolo existente (isolamento de 14 dias e pelo menos 24 horas sem sintomas) e, por fim, terem voltado a apresentar sintomas e/ou testado positivo. Em apenas um dos casos, a pessoa estava assintomática na primeira vez que o teste deu positivo, mas na segunda apresentou sintomas.

Todos os pacientes que voltaram a dar positivo para Covid-19 receberam o tratamento como se tivessem sido infectados pela primeira vez, com a orientação para permanecerem em isolamento por mais 14 dias e acompanhamento médico. “Como não há um protocolo a seguir, adotamos como se fosse o primeiro caso”, disse.

Para ela, é pouco provável que entre os casos investigados haja algum de falso positivo devido à eficácia do exame de RT-PCR, que identifica moléculas do vírus no organismo.

Entre as possibilidades que explicariam a reinfecção está desde uma mutação do vírus, o que só uma investigação detalhada do sequenciamento genético das amostras poderia confirmar, até alguma deficiência na produção de anticorpos dos pacientes, ou até mesmo o fato de não haver imunidade após a primeira infecção como se supunha. “Isso tudo precisa ser investigado, até por isso que provocamos o COE”, comentou Érika.

A coordenadora da SMS afirma que Aparecida armazena todas as amostras dos 64 mil testes já realizados na cidade por RT-PCR, o que facilita uma investigação quando necessária.

COE investiga suspeitas

O Centro de Operações Emergenciais para Enfrentamento do Coronavírus (COE) estadual deliberou nesta quarta-feira (12) pela criação de um grupo técnico com especialistas para investigação dos casos de suspeita de reinfecção apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida e pela de Goiânia. Esse comitê será composto por representantes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), das duas secretarias municipais e por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), entre outros profissionais, segundo nota enviada pela SES-GO.

“Em uma primeira situação, esses pacientes apresentaram sintomas e confirmação laboratorial da infecção pelo coronavírus. Alguns dias depois, eles voltaram a apresentar sintomatologia e outro resultado positivo do teste RT-PCR, que é considerado o padrão-ouro para diagnóstico da doença”, informou a SES-GO na nota.

Ainda segundo a secretaria estadual, já existem relatos na literatura médica de pessoas que possuem “persistência da positivação do RT-PCR por um período superior a 90 dias, ou seja, que continuam apresentando resultado positivo por um período maior de tempo”. Conforme o portal apurou, esta é uma das hipóteses levantadas, apesar de não haver explicação sobre o surgimento de sintomas pela segunda vez.

“Para verificar se os casos relatados se enquadram nesta situação ou em outra, o grupo técnico investigará pontualmente cada notificação”, afirmou a SES-GO na nota, em que também destacou o fato de a Covid-19 ser uma doença “com muitas perguntas e poucas respostas”. “Somente a partir de uma verificação técnica detalhada será possível emitir alguma posição sobre o assunto.”

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