O júri popular dos cinco acusados de matar o jornalista e cronista esportivo Valério Luiz em Goiás, que aconteceria nesta segunda-feira (14/3), foi adiado pela terceira vez quase dez anos após o crime. O julgamento foi remarcado para o dia 2 de maio, após a renúncia de um dos advogados.
O juiz Lourival Machado da Costa acatou o pedido do advogado Thales Jayme, que é o novo defensor do acusado de ser mandante do crime, o cartorário Maurício Borges Sampaio. Ele também é ex-vice-presidente do Atlético-GO e atual vice do conselho de administração do time. Antes o advogado dele era Ney Moura Teles.
“O defensor do réu Maurício Borges Sampaio protocolou o pedido de renúncia na sexta-feira (11/3). Em razão dessa situação, que foi até uma surpresa para nós, processualmente, abri o prazo de 10 dias para que o réu constitua novo defensor, e, se esse prazo não for observado, já determinei que os autos sejam remetidos à Defensoria Pública”, disse o juiz, em entrevista à imprensa.
Teles atuava no caso desde a época do crime. “Surpreendentemente, ele renuncia faltando três dias para o julgamento. Isso não é conduta processual. Dentro de um processo, não é uma forma de conduzir uma defesa”, afirmou Lourival.
O advogado Valério Luiz Filho, que é assistente de acusação do Ministério Público de Goiás (MPGO), disse que a renúncia do advogado foi uma estratégia da defesa de Maurício Sampaio. “Essa foi uma manobra protelatória. Atitude, do meu ponto de vista, antiprofissional, lamentável. A gente fica frustrado, mas não surpreso”, afirmou.
O Metrópoles não conseguiu falar com o advogado que renunciou nem com o novo defensor do acusado de ser mandante do crime.
Os réus
- Maurício Borges Sampaio, cartorário, ex-vice-presidente do Atlético-GO e atual vice do conselho de administração do time;
- Urbano de Carvalho Malta, funcionário de Sampaio;
- Policiais militares Ademá Figueiredo e Djalma da Silva;
- Açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier.
Adiamentos
O primeiro adiamento do júri popular ocorreu em abril de 2019, quando o então juiz Jesseir Coelho de Alcântara alegou falta de estrutura para realização do julgamento.
Na época, o magistrado, alegou que a precariedade de dormitórios para os jurados, falha no fornecimento de alimentos, falta de cadeiras confortáveis e espaço limitado seriam motivos para o adiamento.
O júri foi remarcado para 2020, mas precisou ser novamente adiado. Desta vez, por causa da pandemia da Covid-19.
Valério Luiz foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012, na Rua C-38, Setor Serrinha, em Goiânia. Ele estava dentro do próprio carro, saindo da rádio em que trabalhava, quando foi baleado por um motociclista que passava pelo local.
Em fevereiro de 2013, a Polícia Civil de Goiás indiciou os supostos criminosos, que foram denunciados pelo Ministério Público estadual no mês seguinte.
Audiências
Com a denúncia remetida ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), as audiências de instrução começaram em 27 de maio de 2013. À época, elas foram presididas pelo juiz Antônio Fernandes de Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Goiânia.
Em 13 de agosto de 2014, o juiz Lourival Machado da Costa, da 14ª Vara Criminal de Goiânia, decidiu que os cinco iriam a júri popular.
As defesas dos acusados recorreram, mas não tiveram o recurso atendido. Em abril de 2015, o colegiado que analisou o pedido manteve a decisão de primeira instância.
Com a nova negativa, os advogados levaram o caso até o Supremo Tribunal Federal (STF). Após duas decisões contra os réus e uma a favor, a ordem judicial de que todos deveriam ir a júri popular foi mantida em fevereiro de 2018.
Fonte:G1