A Central Única dos Trabalhadores (CUT-GO) e entidades ligadas à reforma agrária protestam nesta quarta-feira (3) contra a privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg). Cerca de mil manifestantes, segundo a CUT-GO, e 600, de acordo com a Polícia Militar (PM), ocupam os anéis interno e externo da Praça Cívica. O protesto começou às 9h.
A manifestação é contra o leilão da estatal goiana e começou em frente à Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), onde uma audiência pública discutiu o assunto nesta manhã. Participantes do ato chegaram a bloquearam o trânsito nos dois sentidos da Avenida 85, mas a via foi liberada às 12h, segundo a PM. Após o fim da audiência os manifestantes seguiram para a Praça Cívica.
De acordo com o presidente da CUT-GO, Mauro Rubem, a entrada ao evento foi restrita e vários líderes sindicais, inclusive ele, ficaram de fora da reunião.
“Privatizaram até uma audiência que era pra ser pública. A população não vai aceitar calada a venda de um patrimônio que é dos goianos”, afirmou o presidente.
O Ministério de Minas e Energia informou ao G1, por meio de nota, que “a definição de entidades e órgãos a passarem pelo processo de desestatização compete ao Conselho Nacional de Desestatização (CND), colegiado vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)”.
Em relação às distribuidoras pertencentes à Eletrobras, o comunicado informou que os atos legais que determinaram a inclusão dessas empresas no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) foram editados nos anos de 1998 e 2000. E adiantou que o único processo que já cumpriu as diversas etapas determinadas pelo conselho e está em execução é o da Celg, cujo leilão está sendo organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“As demais distribuidoras foram incluídas no Programa Nacional de Desestatização (PND) há mais de 15 anos, pois a decisão de que a estatal federal assumisse o controle, em situação especial, já foi sob a condição de desestatização posterior, e ainda não houve decisão quanto ao momento em que isso ocorrerá”.
Audiência pública
A audiência pública realizada nesta manhã teve a presença de membros do BNDES e foi marcada depois que um grupo ocupou o prédio da Secretaria da Fazenda de Goiás, contra a venda da Celg-D. Na nota enviada ao G1 na última quarta-feira, o ministério informou que o evento seria “aberto a todos os interessados”.
“Se comprometeram a discutir o assunto com a comunidade, com os sindicatos e com as classes de trabalhadores envolvidos neste processo, mas fecharam as portas, isso é uma atitude absurda”, afirmou o presidente da CUT-GO.
Policiamento
De acordo com o porta-voz da Polícia Militar, o tenente-coronel Ricardo Mendes, o trânsito da Avenida 85 foi liberado às 12h, quando a audiência pública terminou. Segundo ele, os manifestantes seguiram em direção à Praça Cívica, onde o protesto continua. Equipes da PM acompanham o ato.
A Acieg informou em nota que não participa do evento e que apenas locou o espaço para a Celg. Comunicou ainda que a Celg “tomou devidas medidas de segurança, de verificação do prédio à triagem dos participantes”.
Avaliação
A Companhia Energética de Goiás (Celg) foi eleita a pior distribuidora de energia do páis pelo segundo ano consecutivo, em 2015. Em ranking elaborado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a estatal goiana ficou em último lugar entre 36 empresas em relação à qualidade dos serviços prestados. Os números se referem ao ano de 2014.
Um dos itens analisados que contribuíram para a colocação foi o que a Aneel chama de Duração Equivalente de Interrupção (DEC), que analisa a quantidade que cada estado ficou sem energia no ano. A média do Brasil é de 17,6 horas, enquanto em Goiás o número atinge 40,2 horas – 14 minutos a mais que em 2013.
A Celg também teve um aumento de 70% no número de reclamações dos consumidores, o que totabiliza 1,9 milhão de queixas.