Polícia conclui inquérito de estupro coletivo no Rio com sete indiciados

A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira (17), o resultado das perícias do caso da jovem de 16 anos que foi vítima de estupro coletivo no Morro da Barão, na Zona Oeste do Rio. A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) recebeu todos os laudos periciais, inclusive o do celular de Raí de Souza, de 22 anos, um dos três suspeitos que estão presos pelo crime.

O inquérito foi concluído e sete pessoas pessoas foram indiciadas. Os indiciados por estupro de vulnerável e divulgação de imagens são: Raí de Souza, que gravou e transmitiu o vídeo; Raphael Duarte Belo, que fez uma selfie e transmitiu o vídeo; e um menor conhecido como Perninha – neste caso, o processo será desmembrado e encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude, e ele responderá por ato infracional análogo aos crimes.

Por estupro, serão indiciados Moisés Camilo de Lucena, conhecido como Canário, e um dos traficantes do Morro da Barão e Sergio Luiz da Silva, o Da russa, chefe do Morro da Barão. Outros dois serão indiciados por divulgação das imagens: Michel Brasil da Silva e Marcelo Miranda.

O jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte, que chegou a ser preso, não vai ser indiciado por nenhum crime, por falta de prova.

“Hoje eu estou trazendo a conclusão do inquérito. É um crime que chocou o Brasil e vai fazer história no país, até pela forma hedionda que ele foi praticado”, afirmou a delegada Cristiana Bento. “A polícia trabalha com prova técnica. Foram sete indiciados neste crime. Por uma perturbação ou trauma pode ter ficado uma falsa memória. Se houver mais, estou apurando peças para eventuais participantes”, acrescentou.

Segundo a delegada, o celular do Raí era uma das principais fontes das investigação. “Raí em seu depoimento ele disse que tinha jogado fora. A gente sabia que era a principal fonte de prova o celular de Rai. A gente tinha que procurar a todo custo. Mais de dois mil perfis de Facebook e Twitter foram investigados”, afirmou.

“Arquivos e imagens encontradas no celular do Rai serão enviadas à Dcod [Delegacia de Combate às drogas] para investigar possível envolvimento com o tráfico de drogas da região”, disse a delegada Cristiana. A análise pericial do aparelho feita pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e entregue à delegacia nesta quinta-feira (16).

Cristiana Bento afirmou que a pena de estupro de vulnerável é de 15 anos, a produção do material é de oito anos e a transmissão é de seis anos.

Segundo a delegada, a vítima prestou três depoimentos à polícia. “Quando ela foi acolhida pelo programa de proteção, a polícia não entrou mais em contato com ela“. “A gente espera que a pena seja exemplar para que isso não volte a existir”, concluiu Cristiana Bento.

Início das investigações
Segundo o diretor geral das Delegacias Especializadas, Ronaldo Oliveira, o crime foi descoberto pelos policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI).

“Eles fazem uma constância na internet e encontraram um vídeo que era uma barbárie. A partir do momento que foi identificado um crime que precisava de uma investigação mais profunda, foi solicitado uma delegada com uma expertise no assunto”, afirmou Oliveira, sobre a mudança da delegacia na investigação.

Segundo ele, o trabalho do delegado Alessandro Thiers, que iniciou as investigações pela DRCI e foi alvo de muitos questionamento, foi essencial. “O trabalho do Alessandro, apesar de muitos criticarem, foi muito importante para o trabalho da doutora Cristiana. Eles se complementaram”, afirmou Ronaldo Oliveira.

Thiers foi afastado das suas funções na especializada e está de férias. Quando voltar, Ronaldo Oliveira afirmou que ele receberá um “novo desafio”. O seu lugar foi assumido pela delegada Daniela Terra, que antes era titular da 33ª DP (Realengo).

Cronologia dos acontecimentos
De acordo com o que se sabe até agora, a adolescente saiu de um baile funk com Raí, o jogador de futebol Lucas Perdomo, de 20 anos, e mais uma garota às 7h da manhã de sábado, 21 de maio. Na festa, eles teriam feito uso de bebidas alcoólicas, maconha e cheirinho da loló (entorpecente feito com clorofórmio e éter). Os quatro foram a uma casa abandonada da comunidade do Morro do Barão.

Às 10h do mesmo dia, Raí, Lucas e a outra menina decidiram sair do local, deixando para trás a menor, que ainda está sob o efeito de drogas.

Às 11h, a menina teria sido encontrada desacordada pelo traficante Moisés Camilo de Lucena, conhecido como Canário, de 28 anos. O homem pegou a jovem e a levou para outra casa. Ele teria sido o primeiro a estuprá-la.

As investigações apontam que a adolescente foi estuprada, no mínimo, duas vezes: no sábado pela manhã e no domingo, à noite. Os policiais acreditam que o número de envolvidos no crime possa ser maior.

Quando a jovem foi violentada na noite de domingo, Raí chegou em uma casa da comunidade acompanhado de Raphael Duarte Belo, de 41 anos, e de um homem identificado como Jefinho. Neste segundo momento, eles abusaram da adolescente, gravaram vídeos e tiraram fotos.

Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paixa/Agência O Globo)
Fonte: G1

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