Secretária de Saúde, médico e enfermeira são investigados por morte de estudante após superdosagem durante crise de ansiedade

A secretária de Saúde, o médico diretor clínico e a coordenadora de enfermagem do Hospital Municipal de Silvânia foram afastados após a morte de uma paciente. Segundo a família, a estudante de administração Vitória Cristina Queiroz dos Santos, de 21 anos, foi até a unidade com crise de ansiedade e o médico passou remédios contra indicados ao quadro clínico. A Policia Civil investiga o caso.

“Eram medicamentos com a finalidade de entubação, não ansiedade. Normalmente utilizam para entubação 1 a 1.2 microgramas de um dos remédios, por peso. Ela teria que tomar 50 microgramas, mas deram 10 miligramas, que corresponde a 500 microgramas da medicação”, explicou o advogado Jales Gregório.

Após a superdosagem, a jovem foi encaminhada à uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e ao Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (Hmap), onde foi confirmada a morte cerebral, segundo o advogado. Jales explicou também que a causa preliminar indicada para a morte foi uma parada cardiorrespiratória.

“Esses remédios rebaixam o sistema respiratório. Coincidentemente a causa da morte foi essa parada cardiorespiratória, que causou a morte encefálica”, completou.

Os profissionais foram afastados nesta quarta-feira (9), após a Polícia Civil deflagrar a “Operação Paracelso”. De acordo com o delegado Leonardo Sanches, a investigação indicou que os profissionais falsificaram documentos para omitir a dosagem, o nome dos remédios e até os procedimentos feitos.

“Consta no inquérito que houve uma tentativa de suprimir documentos e a secretária tentou coagir servidores. O médico preencheu o prontuário falso sobre o que administrou na paciente. A coordenadora produziu documentos omitindo a quantidade, procedimentos e remédios administrados pelas enfermeiras”, explicou.

g1 tentou contato por telefone com a Prefeitura de Silvânia, para obter um posicionamento, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem, o e-mail disponibilizado no site municipal consta como inexistente. A reportagem também não localizou a defesa da secretária Laydiane Gonçalves, do médico e da enfermeira.

g1 pediu um posicionamento ao Conselho Regional de Medicina e ao Conselho Regional de Enfermagem, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Detalhes do caso

Vitória deu entrada no Hospital de Silvânia no dia 3 de julho, por volta de 17h e, segundo o advogado, estava consciente e conversando. Na unidade, o médico receitou os remédios fentanila e midazolam. A mãe, que é farmacêutica, teve acesso às receitas médicas e buscou os prontuários da filha.

“Coincidentemente, os prontuários sumiram, foram suprimidos numa tentativa escancarada de esconder o erro cometido pelo médico”, disse o advogado.

Jales explicou que a estudante não tinha problemas de saúde. Segundo o advogado, o médico psiquiatra que fazia o acompanhamento de Vitória disse que nunca ouviu falar do uso dos remédios prescritos em Silvânia para o quadro clínico da jovem.

“Depois de fazerem as medicações, outro médico olhou a pupila e disse para a mãe que não tava reagente, que significa morte cerebral”, falou.

Depois disso, também no dia 3, por volta de 23h, a jovem foi encaminhada à UPA e, no caminho, mais doses de fentanila e midazolam foram aplicadas, conforme detalhou o advogado. Segundo o delegado, foi constatado um “dano cerebral muito grande” na unidade.

No dia 5 do mesmo mês, Vitória foi encaminhada ao Hmap. O óbito foi declarado no dia 9, quando foram feitos os exames para morte encefálica. Ao g1, o advogado pontuou que a família aguarda o laudo toxicológico da morte de Vitória.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida informou que “é município polo da região Centro-Sul e que, seguindo fluxo da Regulação, pode receber pacientes de Silvania”. No entanto, por causa da Lei Geral de Proteção de Dados “não é autorizada a divulgação de informações de prontuário médico de qualquer paciente sem sua anuência ou de seus familiares”.

A secretaria disse também que, “no âmbito policial e do Judiciário, as informações médicas são repassadas mediante solicitação das autoridades competentes”.

Fonte:G1

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