Recém-nascido morre durante superlotação de UTI após falta de recursos e verbas na Santa Casa de Anápolis, diz hospital

Um recém-nascido morreu durante a situação superlotação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Um vídeo gravado por um trabalhador do hospital mostra a situação de calamidade vivenciada pela unidade (assista acima). Segundo a instituição, o hospital não está fazendo a admissão de novos pacientes por falta de recursos, estando mantendo apenas os que já estão no local.

(Atualização: o g1 errou ao informar, com base em informação fornecida pela Santa Casa, que dois recém-nascidos haviam morrido. A unidade corrigiu a informação e disse que apenas um recém-nascido faleceu. O erro foi corrigido às 13h03)

De acordo com o hospital, o bebê que morreu estava internado há um dia na UTI e era portador de cardiopatia congênita grave, patologia com alto índice de mortalidade.

“Não há que se dizer que há relação entre a morte do bebê e a falta de insumos ou assistência adequada”, disse a Santa Casa.

A coordenadora da UTI neonatal e pediátrica da unidade, Greice Guedes, conversou com a TV Anhanguera sobre a precariedade enfrentada e a situação dos três bebês do vídeo e que nasceram praticamente no mesmo horário.

“Infelizmente tivemos três emergências obstétricas, que nasceram três bebês prematuros, praticamente ao mesmo tempo, e concomitante a falta de vagas na UTI no momento”, falou.

No mesmo momento, o hospital chegou a criar dentro da UTI, quatro leitos extras para atender a sobrecarga. Segundo a Santa Casa, os bebês que aparecem no vídeo receberam assistência imediata e adequada, mesmo com a UTI superlotada. Todos se mantêm internados, estáveis e seguem com prognóstico positivo (veja nota completa ao final da reportagem).

Segundo a Santa Casa, a Fundação de Assistência Social de Anápolis (Fasa), que mantém a unidade de saúde, está operando com déficit de R$ 1,5 milhão por mês.

Por isso, a unidade informou que o Ministério Público está processando a Prefeitura de Anápolis e o Governo de Goiás para que ambos ajudem a custear parte da operação, que atualmente está sendo praticamente mantida apenas com os recursos repassados pelo Governo Federal. Ao g1, a Secretaria de Saúde de Goiás afirmou que possui um plano de “fortalecimento (cofinanciamento) para a Santa Casa de Anápolis e que repassa financeiramente valores para o município para diversos serviços oferecidos realizados pela instituição”.

O governo de Goiás ainda pontuou que o “acesso aos hospitais da rede estadual acontece por meio do Complexo Regulador Estadual e, caso haja necessidade de transferência de pacientes, a SMS deverá fazer a solicitação no sistema de regulação de vagas” (veja nota completa ao final da reportagem).

g1 solicitou um posicionamento sobre o caso aos Ministério Público e à Secretaria de Saúde de Anápolis, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

À TV Anhanguera, o Padre Clayton Bergamo explicou que, ao fazer parte do Sistema Único de Saúde (SUS), o financiamento da Santa Casa é composto 50% por parte da União, 25% por parte do Estado de Goiás e 25% por parte do município que utiliza a rede. No entanto, ele afirma que o que deveria estar vindo do município, não está.

“Desses municípios, Anápolis é 80% do que nós produzimos. O que deve vir da União, vem. O que deve ir do estado, vem, e só não vem mais por obstáculos colocados pelo próprio município. O que é para vir do município, não vem”, disse o diretor.

 

Nota da Santa Casa de Anápolis na íntegra:

Na entrevista e vídeo que trata de UTI Neonatal da Santa Casa de Anápolis, foi anunciado, de forma equivocada, o óbito de dois bebês, contudo, cumpre esclarecer: Os bebês que aparecem no vídeo receberam assistência imediata e adequada, mesmo com a UTI superlotada. Todos se mantêm internados, estáveis e seguem com prognóstico positivo. Quanto ao que veio, de fato, a óbito, este estava internado há um dia na UTI e era portador de cardiopatia congênita grave, patologia com alto índice de mortalidade. Dessa forma, não há que se dizer que há relação entre a morte do bebê e a falta de insumos ou assistência adequada.

Nota da Secretaria de Saúde de Goiás na íntegra:

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES) esclarece que possui junto ao município de Anápolis um plano de fortalecimento (cofinanciamento) para a Santa Casa de Anápolis. A SES repassa financeiramente valores para o município, para diversos serviços realizados na instituição, conforme precificação da produção e serviços ofertados. O município é responsável pelo repasse à Santa Casa.

A SES informa ainda que os repasses estão atualizados e em dia, e neste ano, já foram repassados R$4.567.597,69 para o Fundo Municipal de Saúde de Anápolis, para custeio da unidade hospitalar, sendo o último repasse realizado em 23 de maio de 2023 no valor de R$864.738,05.

A pasta esclarece ainda que os repasses destinados para a Santa Casa de Anápolis tem como objetivo fortalecer a Atenção Regionalizada, ampliando os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde na Região de Saúde Pireneus, composta por 10 municípios. A SES-GO também conta com outras dois hospitais próprios na região, sendo o Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo e o Hospital Estadual de Pirenópolis Ernestina Lopes Jaime, destinados aos atendimentos em média e alta complexidade.

Por fim, a SES-GO informa que o acesso aos hospitais da rede estadual acontece por meio do Complexo Regulador Estadual e, caso haja necessidade de transferência de pacientes, a SMS deverá fazer a solicitação no sistema de regulação de vagas.

Fonte:G1

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